quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Explorando Lille

A encantadora cidade de Lille

Estou super apaixonada por Lille. É uma cidade linda, com um estilo bastante peculiar e encantador.

Lille é a capital da Região Nord-Pas-de-Calais, ao extremo Norte da França. Ela fica a 20 km da Bélgica - por isso, não é raro que encontremos placas escritas em francês e flamenco (ela tem até nome em flamenco: Rijsel). Antigamente, Lille era belga, não por acaso a arquitetura lembra bastante o país.

Lille é uma cidade vastamente composta de universidades e tem uma das maiores populações de estudantes da França. É relativamente grande e tem uma área metropolitana que, pelo que sei, se estende até a Bélgica. (Vale lembrar que aqui não existem cidades enormes, e sim uma capital com cidades pequenas umas do lado das outras. Na segunda-feira, fizemos o trajeto de bicicleta de Roubaix a Croix em pouco mais de 20 minutos). O nome antigo, (L'Isle) significa "a ilha", pelo fato da cidade ter sido fundada em um outro lugar, em uma ilha.

E fui hoje, em pleno dia chuvoso, turistar um pouco em Lille. Eu decidi que ia passar a manhã explorando a cidade, sem muitas pretensões de visitar algo específico.

Porque fazer turismo sob a chuva é para os fortes.

Uma coisa muito interessante que percebi em Lille é que ela não tem ruas de asfalto - ela é praticamente toda pavimentada de paralelepípedos, tanto as ruas quanto as calçadas. As ruas são separadas das calçadas por pequenos "postes". Demorou um pouco para que eu entendesse isso. 

Quase fui atropelada umas duas vezes por esquecer que as ruas existiam.
Em alguns lugares, elas são marcadas também por um "meio-fio" de outra cor - mas em outros lugares, não há essa marcação. Parece estranho, quase uma cidade em que os carros e pedestres se misturam.

Aqui, a rua é perceptível.

Aqui não.

Os edifícios da "Velha Lille" são todos neste estilo. É uma coisa meio surreal, diferente do que eu esperaria encontrar na França típica dos turistas. E eu adoro isso.

A Praça Central

Outro lado da Praça Central

Quase morri de emoção quando cheguei na Praça Central. Faz quase um ano que eu mudei o papel de parede do meu computador para uma foto que um amigo meu francês (não o Edu) tinha me enviado. Todo dia, eu olho para Lille quando ligo o computador. E agora eu podia ver aquela cena com os meus olhos. Foi emocionante.

Meu papel de parede
A foto que tirei
De um outro ângulo
O centro histórico de Lille é realmente lindo, mas extremamente caro. É cheio de lojas hype wannabe, bastante curiosas, mas intimidantes demais para se querer entrar. No mais, é tudo muito pitoresco.

Vitrine de uma pâtisserie.

Nouveau Siècle significa que lá está o século novo,
ou seja, a parte não histórica de Lille.
Estou numa vibe de vamos-conhecer-todo-mundo-e-ser-amiguinhos, então decidi que vou fazer brigadeiros aos vizinhos, para me apresentar a eles no estilo americano e eles saberem que eu realmente existo (o Edou colocou o meu nome no interfone do apartamento, mas é a primeira vez que eu estou aqui). Então eu precisava encontrar forminhas para brigadeiro.

Andando por Lille, encontrei uma loja chamada Alice Délice, que vende tudo o que se possa imaginar para fazer doces ou comidas diferentes. Aí, na vitrine, vi forminhas de cupcake. Decidi que eu ia pelo menos ver se existiam forminhas de brigadeiro.

Primeiro desafio: como dizer "forminhas" em francês?
Espremi os olhos para ler a embalagem de cupcakes. E consegui descobrir: caissettes. Lindo.

Segundo desafio: explicar o que eu queria. Oh god.
Entrei e fui atendida por um rapaz bastante simpático, mas que não entendeu o meu pedido por "caissettes de cupcake, mas pequenininhas". Mas uma hora ele entendeu e me disse que elas existiam, mas não para cupcakes, e sim para bombons. Perfeito, descobri que existia.

Ele me explicou, de maneira bastante alegre, que elas são usadas para fazer bombons. Aí eu disse para ele que, na verdade, eu queria fazer um doce brasileiro. E ele ficou curioso, me perguntou o que era. Aí eu fiquei alegre, finalmente consegui uma chance de bater papo com um francês. Expliquei da maneira que pude ("bolinhas de caramelo, feitas de leite condensado e enroladas em..." Eu não soube explicar "granulado" em francês). Eu ainda o expliquei como se faz, que é super simples, bastava misturar leite condensado com chocolate, ele poderia olhar na internet. Ele ficou super curioso e anotou o nome, ia procurar mais tarde. No fim, me perguntou se eu era de lá (mas era fácil de perceber que da França eu não era, eu me atrapalhava para explicar as coisas), e se eu estava estudando lá. Um dia, espero, hihi.

Foi super legal conversar com esse menino, me senti mais feliz e aberta com os franceses. Comecei a tentar puxar papo com todo mundo, ou ao menos perder o medo de pedir por informações e coisas do tipo. No mais, os franceses me parecem super prestativos e pacientes.

Ruas de Lille
Restaurante "Às Duas Cocotas", hihi
Loja de macarons
Aí eu cansei e decidi que já estava na hora de voltar para casa. Mas... pra que lado? Perguntei a duas pessoas e em uma loja, um me confundia e me deixava mais perdida do que o outro. Não acho que o senso de direção seja o forte dos franceses.

Perdida em uma ruela estreita, vi um rapaz passando de mochila e sem guarda-chuva. Perguntei-o se ele sabia onde ficava a Estação de Trem (onde eu iria pegar o metrô) e ele ficou me olhando com uma cara de ponto de interrogação... Aí ele teve uma sacada e tirou um enorme mapa da mochila. O menino também era turista e não sabia bem onde estávamos, mas ele fez o possível para descobrir onde ficava - e, de fato, ele me explicou bem melhor e de maneira bem mais simples que os franceses que moravam lá. Em dois minutos, eu cheguei à estação. Por curiosidade, perguntei a ele de onde ele era, ele me disse que era da Holanda. Ele falava francês super bem, fiquei surpresa de saber que ele era estrangeiro (se bem que eu estranhei o jeito que ele falava "national": nashionale).

De volta à parte central
Ao caminhar, voltei pensando em como era legal poder falar essa língua, em como ela podia conectar pessoas de lugares tão distantes. E, novamente, me peguei pensando em como línguas são legais, como elas podem reduzir barreiras.

Por fim, uma foto das cabines "Amélie":


Enquanto eu tirava fotos, um menino me viu e, percebendo que era turista, veio me pedir dinheiro. Ele não largou do meu pé antes que eu lhe desse alguma coisa, mesmo eu jurando que não falava nem francês, nem inglês. Realmente, não gosto de ser turista - o melhor a fazer é se camuflar.

Adoro Lille. Adoro as cidadezinhas em volta dela. Vou adorar estudar por aqui.

Espero que dê certo.

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